Urias acaba de lançar Carranca, seu novo álbum de estúdio, que marca uma fase espiritual e estética ainda mais potente em sua carreira. Inspirado na simbologia da carranca — figura esculpida que afasta maus espíritos e carrega conexões com Exu — o trabalho mergulha nas matrizes africanas, na resistência negra e na busca por libertação espiritual e social.

O disco traz 14 faixas, sendo três interlúdios narrados por Marcinha do Corintho. Essas passagens conduzem a narrativa com reflexões sobre liberdade, revolta e ancestralidade. O primeiro interlúdio questiona a falsa sensação de liberdade que nos cerca; o segundo explora a revolta como caminho; e o terceiro encerra com um retorno simbólico à Etiópia — um resgate das origens e da liberdade plena.
A capa do álbum foi assinada por Isaac de Souza Sales, artista que trabalha o afro-surrealismo em sua pesquisa pictórica e propõe, por meio de imagens simbólicas, novas leituras sobre a identidade negra e seus futuros possíveis. Já os visuais do projeto ficaram a cargo da diretora criativa Ode, que propõe o conceito de “transcorporeidade”: cruzar temporalidades e divindades para expandir a representação do corpo e da identidade preta.
Carranca ainda conta com participações de peso: Criolo em “Deus”, Giovani Cidreira em “Herança”, Major RD em “Voz do Brasil” e Don L em “Paciência”. Todas as colaborações contribuem para o caráter múltiplo e politizado do álbum, que combina ritmos diversos, narrativas espirituais e uma sonoridade original e poderosa.

“Esses interlúdios se conectam diretamente com o tema central do disco. Eles funcionam como pontos de respiração e reflexão, mas também como guias para entender a narrativa maior da obra”, explica Urias.
Carranca reafirma Urias como uma das vozes mais inventivas e relevantes da nova música brasileira.
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