SERENA & VENUS — Tasha & Tracie entregam crônica potente sobre amor, cárcere e resistência

Nota: 9/10 

Tasha & Tracie lançaram seu aguardado álbum de estreia SERENA & VENUS, um disco de 21 faixas que já nasce como marco na cena do rap brasileiro. O trabalho funciona como uma narrativa em capítulos, acompanhando a trajetória de uma mulher periférica que se envolve no crime, se apaixona, vai presa e enfrenta o esquecimento dentro do sistema prisional. Uma história invisibilizada na cultura popular e que aqui ganha corpo, voz e poesia.

O que impressiona é como as irmãs equilibram densidade lírica e diversidade sonora. O álbum vai do rap clássico a batidas de funk, house e R&B, costurando referências afro-diaspóricas com naturalidade. Esse trânsito musical é a prova de que elas não precisam se prender a uma única estética: Tasha & Tracie expandem o rap sem diluí-lo.

As participações — de Liniker, Bivolt, Mc Marks, Dona Kelly, entre outros — acrescentam camadas, mas o centro gravitacional do disco é a dupla. Elas falam de dor, mas também de poder, espiritualidade, afeto e recomeço, sem perder a dureza de quem conhece de perto as contradições da periferia.

A nota 9 reflete justamente o equilíbrio entre impacto lírico, força estética e peso simbólico do projeto. É um álbum longo, mas a extensão aqui funciona como parte da narrativa, trazendo ritmo de saga e densidade de manifesto. SERENA & VENUS não só inaugura a discografia das gêmeas como já se inscreve entre os álbuns mais relevantes do rap nacional contemporâneo.

É um disco que se sente, mais do que apenas se ouve. É testemunho, é arte e é resistência. Um trabalho de estreia que já se impõe como referência e pavimenta o futuro das gêmeas no rap brasileiro.

🎧 Faixas favoritas: “Simpatia” (com Liniker & Bivolt), “Crua”, “Chefuxa”, “Flor de Plástico” e “Eu Diria”.

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